sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sweatshops: Exploração Moderna



O termo Sweatshops (em português “Fabricas de suor”) é cada vez mais usado nos dias atuais.
O próprio nome dá a entender que se tratam de fábricas envolvidas com a exploração extrema dos trabalhadores, caracterizada por um salário abaixo do mínimo necessário à sobrevivência, pela ausência de qualquer forma de garantia ou proteção trabalhista, pela exploração de crianças, pelas condições de trabalho perigosas para saúde ou por ameaças, moléstias sexuais e abusos físicos e psicológicos. As jornadas de trabalho são muito maiores do que a lei determina em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, elas são tão longas que lembram os primórdios da Revolução Industrial na Inglaterra. Muitos trabalhadores são forçados a turnos de trabalho de até 19 horas.

As denúncias internacionais contra os sweatshops crescem a cada ano e mostram uma triste realidade onde existem inúmeras possibilidades para exploração dos trabalhadores: são mulheres forçadas a tomar contraceptivos ou submetidas a testes de gravidez e que são demitidas se caso der positivo, trabalhadores expostos a substâncias tóxicas, ameaçados e demitidos em caso de protestos e impedidos de abandonar o trabalho por meio de vigias armados. Outra característica é que as sweatshops normalmente estão instaladas em países pobres, principalmente na Ásia e América latina, as empresas produzem nesses lugares, pois a regulação trabalhista lá é geralmente inexistente e os salários são menores.

Apesar de estarem instaladas majoritariamente nestes países, as sweatshops também são comuns em países do leste europeu e existem até mesmo nos Estados unidos. De acordo com a ONG CorpWacht, em Los Angeles dois terços dos imigrantes que trabalham na confecção de roupas não recebem o salário mínimo garantido pela lei. Os trabalhadores em El Salvador envolvidos na produção de tênis, que nos EUA custam cerca de 140 dólares, ganham 24 centavos de dólar a cada sapato produzido. Na China, trabalhadores morreram vítimas de sweatshops, para uma doença que ganhou o nome de "guolaosi": morte súbita por hiper-trabalho.

Há diversas multinacionais que utilizam essa forma de trabalho para aumentar os lucros em cima da produção, são nomes conhecidos no mercado internacional: Levi's, Nike, Tommy Hilfiger, American Eagle, Calvin Klein, Gap, Wal-Mart, Polo-Ralph Lauren, Kmart e muitas outras. A própria Disney foi acusada de explorar trabalhadores de uma fabrica em Bangladesh. Segundo informações da ONG The National Labor Committee, os trabalhadores responsáveis pela confecção de camisetas, eram submetidos a períodos de trabalho ininterrupto de até 15 horas, 7 dias por semana. Felizmente, tem crescido entre a população um sentimento de indignação contra essa prática ilegal de trabalho. Além de diversas ONG’s terem se empenhado na luta contra as sweatshops, é cada vez maior o número de pessoas que estão se mostrando descontentes e até mesmo boicotando marcas de roupas e acessórios fabricadas dessa maneira.

Todos concordam que esse tipo de exploração é inaceitável, principalmente em pleno século XXI, o problema é que, mesmo que essas multinacionais sejam impedidas de utilizar essas práticas, isso não quer dizer que contribuirá para o bem-estar da população do país. A grande maioria dos trabalhadores, mesmo sofrendo, depende das sweatshops para sobreviver, essa é uma questão que tem gerado muitas discussões. Os liberais defendem que, mesmo com as péssimas condições de trabalho, as sweatshops ainda são as melhores opções – ou a menos pior – pois, é um dos poucos meios disponíveis para a população pobre ter uma fonte de renda. Diante desse impasse, qual seria a atitude correta a ser tomada? Continuar comprando produtos fabricados em sweatshops, dando assim uma condição miserável, porém única a esses trabalhadores, ou então boicotar os produtos e limpar nossa consciência, mesmo sabendo que talvez não exista outra opção de trabalho para aquelas pessoas?

A solução deve vir da educação e conscientização das pessoas, e quando digo “pessoas”, não me refiro apenas à sociedade civil, que dentro do possível tenta ajudar por meio de ONG’s e boicotes, mas também dos governantes, aplicando leis trabalhistas com fiscalizações rígidas, e dos grandes empresários oferecendo condições de trabalho digna a seus funcionários. No mundo capitalista em que vivemos hoje, onde os lucros vêm acima de qualquer coisa, isso certamente soará como utopia, mas não é impossível. Se as grandes empresas entenderem que os clientes desejam consumir de maneira responsável, mais cedo ou mais tarde terão que se adequar a isso, ou então ficarão sem mercado. O problema é que ninguém acredita mais na história de “um outro mundo é possível”, ou então estão muito ocupados para pensar nisso. Deixam sempre a responsabilidade para o “outro” e assim ninguém faz nada. Por isso é, praticamente, impossível uma mudança à curto prazo, mas se começarmos a tomar atitudes agora, talvez no futuro as coisas sejam diferentes.

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